Porque o ócio é capaz de grandes
preciosidades que somente os grandes são capazes de produzi-las. Tanto que no
antigo Império os mais importantes intelectuais – a exemplo de Cícero e Sêneca
– de Roma o tinham arraigado no seu íntimo. Não à toa nós, remanescentes do
ginásio – novinho do tempo de ginásio! – do grande Colégio Sete de Setembro -
àquele que só se ama uma vez, a primeira e para sempre – também produzimos
durante o corrente ano inúmeras pérolas, não menos dignas de registro – nem de
modéstia.
Torna-se efetivamente pertinente
elencá-las dado o crescimento da família do Bocão, que aumenta a cada dia,
visto que os novatos poderão ficar um pouco perdidos diante da enxurrada de
mensagens e atualizações que parecem surgir à velocidade da luz, principalmente
em se tratando de conversas nas quais um dos interlocutores é a nossa calada
amiga Sandra e sua constante falta de assunto.
Assim foi que no último ano passeamos
nossas intrépidas línguas nesta magnífica plataforma tecnológica, mas, ao mesmo
tempo tão cruel em matéria de mal-entendidos e melindres, a qual não perdoa o
mínimo deslize dos seus componentes, chamada WattsApp – intimamente conhecida
por zap zap por nós Tupiniquins.
Como esquecer, por exemplo, de nossa amiga
Sandra Tartá – olha ela de novo! – e sua perspicácia datação dos Livros
Sagrados. Pois bem, numa das citações da Bíblia – como o faz de costume. Só
perdendo para Edsão (perdoem-me a grafia) – a nossa amiga foi longe ao afirmar
que os escritos sagrados tinham “cinco milhões de anos” – acho que nesse tempo
só tinha dinossauros na terra. Espero não estar enganado para que eu não seja obrigado
a me colocar também nesse relato. Não que eu não o esteja, como veremos a seguir.
Parodiando Geraldo Vandré, pra não dizer
que não falei de mim, certa vez – como acredito que muitos de vocês fazem
diante do grande número de mensagens que vemos na telinha após um pequeno
período sem checar o celular – comecei a olhar e ouvir as mensagens de trás pra
frente e salteadas – achei que assim daria para contextualizá-las – e deduzi
erroneamente que era o aniversário de Alexandre, visto que todos o
parabenizavam. Então gravei um áudio no qual também o parabenizava pelo seu dia
e desejava felicidades. Pouco depois – o magnífico feedback à velocidade da luz
– Wheidy Maria – é assim que vou chamá-la de agora em diante – entrou com um
áudio a me alertar do meu engano, pois não se tratava do aniversário de
Alexandre. Eu, prontamente e inocentemente gravei outro áudio no qual eu
retirava tudo o que havia dito. Isso mesmo! Eu retirei tudo o que disse! – isso
incluía, naturalmente, os desejos de felicidades, tão bem lembrado pelo áudio
da amiga Wheidy Maria.
Nossa amiga Ilka também esteve presente
no que chamamos carinhosamente de “Os Anais do Bocão” do qual eu sou – como
vocês puderam perceber – o relator e anotador contumaz. Perdoe-me o trocadilho,
mas não havia melhor momento pra se falar dos anais do que este ao lembrar da
eloquente firmeza verbalizada por Ilka ao protestar que nós não vivíamos “no
furico do mundo”.
Vocês sabiam que Alexandre toma
“Navagina” quando está com dor de cabeça? Como sou uma pessoa compreensiva
resolvi não colocar esse episódio nos anais – olha ele aí de novo! –, pois o
grande tempo sem falar português com freqüência – agora ele tem a nós para
praticar – o deixou, como ele mesmo nos disse, “enferrujado” no uso da língua
materna e capaz de cometer essas impropriedades.
Convém também lembramos as intermináveis
conferências de Sandra, Mônica, Cynthia e Wheidy a respeito de como
rejuvenescer – como se isso fosse totalmente possível – nas quais eram
discutidos os mais revolucionários métodos para tal, como ioga facial
antirrugas, cremes variados, além de receitas caseiras que não sei se foram
postas em prática. Se bem que Sandra enveredou mesmo pelo caminho radical da
cirurgia, ao invés de esperar pelos resultados das citadas conferências – mas
não foi a doutora Rola, indicada por Alexandre, que operou nossa amiga, pois
ela não tinha agenda, infelizmente.
Como toda família, no bocão também há
algumas discussões devido a divergência de opiniões – isso acontece nas
melhores famílias – e choque de temperamentos. Nada que não termine bem com um
abraço virtual e fraterno. Aliás, o tempo passou e – ainda bem – nos conservou
a essência de nossas personalidades. Isto foi percebido nestes acontecimentos
os quais nos fazem remontar ao tempo da escola. Cada qual permaneceu, na
maioria dos casos, com sua identidade – que bom!
Mas o que nos marcou profundamente foi
mesmo o encontro que realizamos com alguns membros quando da vinda de Wheidy e
Luca. Passamos uma tarde bastante significativa na qual tivemos a oportunidade,
depois de tantos anos, de nos rever e aos nossos cônjuges meeiros – segundo
Cynthia – e filhos. Foi como que uma renovação, um revigoramento, agora
acrescido de novos membros a dar continuidade no que outrora fomos e somos –
amigos, família. As novas gerações se encontraram e começaram a criar vínculos.
Foi assim no encontro entre os filhos de Murilo, Wheidy e Ilka, que jogavam
futebol nos jardins da chácara de Sandra aos olhares contemplativos dos pais e
amigos. Lembramos-nos de acontecimentos que parecíamos não lembrar. Até ficamos
sabendo de traumas psicológicos passíveis de reparação indenizatória a ser
impetrada contra Murilo por Sandra devido a Buylling – no nosso tempo nem
existia isso – e constrangimento ao zombar da roupa rasgada e da suposta
indignidade de pertencer à selecionada casta dos alunos do Sete de Setembro da
impetrante. Depois deste curto momento, a despedida na tapiocaria significou
tanto que fez Murilo derramar lágrimas, que segundo ele, não derramava desde a
morte de sua avó. Foi uma boa noite.
Assim, neste breve resumo espero ter
conseguido transmitir as boas vindas aos recém-chegados e que eles possam ter
uma vaga ideia do que temos feito e debatido e acontecido aqui, na continuidade
do primitivo bocão mimeografado no qual a criatividade de jovens amigos posta
no papel atravessou o tempo e os fez o reencontro perceber o quão boa é a vida
e as amizades que se fazem no seu decorrer.
Ai que lindo... perfeito e quase me fez chorar. Vivo comments saudades de voces, amigo Lucio. Obrigada pelo excelente trabalho. Amigo, doutor, professor e intelectual tao amado. Abracos, querido!
ResponderExcluirAi que lindo... perfeito e quase me fez chorar. Vivo comments saudades de voces, amigo Lucio. Obrigada pelo excelente trabalho. Amigo, doutor, professor e intelectual tao amado. Abracos, querido!
ResponderExcluirShow! Precisamos de mais crônicas!
ResponderExcluirEspeciais assim; Parabéns amigo!
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